‘O atletismo prepara as crianças mentalmente para vida, é um esporte que capacita o ser humano’, acreditam Roberto e Maristela

‘O atletismo prepara as crianças mentalmente para vida, é um esporte que capacita o ser humano’, acreditam Roberto e Maristela

Conversamos com Maristela Emiko Yokoyama Kanda, mirandopolense que nasceu em 1960, e Roberto Suemitsu Kanda, de 62 anos, natural de Pereira Barreto. O casal tem uma paixão em comum, o atletismo, modalidade a que dedicam boa parte do seu tempo ensinando crianças e jovens o valor do esporte. Confira na sequência a entrevista completa.

O atletismo sempre esteve presente?

Maristela:  Lembro que quem iniciou o atletismo em Mirandópolis foi o meu pai, Iwaichi Hiramatsu, Luiz Yokoyama, Kiyoshi Yoshimito (pai do Biriba), Chuzo Sumita, Shiguekatsu Sumita, Fumo Inoue (pai do Takashi), Noboru Nishizuka, entre alguns outros que posso estar esquecendo. Esses pioneiros foram pedir para Araçatuba incluir Mirandópolis para poder participar das competições. Isso foi por volta de 1965, faz mais de 55 anos (risos). O meu pai sempre estava liderando, e aí ele passou a me ensinar e fui pegando o jeito. Eu tinha que treinar as crianças e não tinha escolha, isso foi durante o período do colegial e faculdade, eu voltava no fim de semana e estava lá meu pai falando “tem que treinar, tem que treinar!”, e assim foi, tanto que estou aqui até hoje. Claro que nas últimas décadas quem tomou frente foi o Roberto, mas o atletismo é uma paixão.

Quando vocês se conheceram?

Maristela: meu marido treinava em Pereira e eu aqui. Nos conhecemos e mudamos para Mirandópolis em 1990, foi quando ele começou a trabalhar com o atletismo na cidade.

Roberto, Maristela, Elsa e Marcel

Quando iniciou no atletismo?

Roberto: comecei mesmo com 17 anos, quando fui convidado a participar da equipe de atletismo de Araçatuba, ali tinha um nível de competição mesmo, na época disputava salto em distância e 100 metros. Lembro que Araçatuba era filiada a federação, tanto brasileira quanto paulista e sul, sempre se destacando. Depois fui fazer faculdade em Ilha Solteira, mas mesmo na faculdade participada dos jogos universitários por Araçatuba. Me formei em 1985, depois fui trabalhar em Limeira e ficou mais complicado. Dai venho para Mirandópolis em 1990, foi quando passo a me envolver novamente com o esporte.

Como é trabalhar com crianças?

Roberto: como forma de retribuição ao trabalho que o pessoal antigo da colônia fazia, a gente tentou manter esse vínculo com as crianças. Então, desde a época em que fazia faculdade, a gente fazia um trabalho de orientação com as crianças, naquela época em Pereira Barreto. Depois a partir de 1990 em Mirandópolis, quando sugeri fazer um trabalho semelhante que fazia em Pereira Barreto. Sempre tivemos uma equipe muito boa, que tem a Dona Elsa, o seu Fujio que era esposo dela, hoje já falecido, mas com uma grande importância, assim como um grupo de pais, que vem se renovando com as gerações.

Hoje é mais difícil convencer os jovens?

Roberto: hoje é difícil competir com celular e computador. Antigamente o lazer era a prática esportiva, não tinha muita opção, por isso hoje o nosso trabalho é estimular as crianças a continuar fazendo a prática esportiva que, na verdade, eu sempre comento com eles, é um treinamento para a vida. Eu pratiquei basquete, natação, entre outros esportes, mas optei por atletismo por ser uma modalidade que prepara as crianças mentalmente para vida futura. É isso, mais ou menos, que a gente tenta preservar essa cultura.

Como é o atletismo em Mirandópolis?

Roberto: a gente tem um grupo muito bom que se denomina “família atletismo”, onde as vezes acabamos atuando como pai. Deixamos a pessoa livre, nunca obrigamos a treinar de forma rígida como uma obrigação, é uma opção, é a escolha que ele faz. Naturalmente a gente busca ter um atleta de ponta para servir de espelho, porque forçar e obrigar, nós não temos esse tipo de pratica. Então tentamos estimulá-los através de exemplos. Estamos no Kaikan (próximo do Hospital Estadual) de segunda a quinta, por volta das 19 horas. A pessoa chegando aqui vamos analisando suas aptidões para desenvolver aquilo que ele mais se sente bem. A nossa missão é desenvolver justamente esse potencial, independentemente de idade. Hoje tentamos fazer um trabalho junto da prefeitura, tanto que nos últimos anos abrimos para as pessoas que não são da colônia e tem dado um resultado muito bom. Além da pista de atletismo, estamos montando uma caixa de salto, que já é um sonho antigo.


                       
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