Sodario pede demissão da prefeitura, fala em omissão do prefeito e rompe com Mirão após parceria de três anos

Sodario pede demissão da prefeitura, fala em omissão do prefeito e rompe com Mirão após parceria de três anos

O ex-prefeito Everton Sodario não trabalha mais como diretor de Administração da prefeitura depois de menos de 60 dias no cargo. Segundo ele, o prefeito Ademiro Olegário, o Mirão, fez a portaria de sua exoneração na quarta-feira (14/12). Em entrevista exclusiva ao jornal, Sodario não poupou críticas à atual administração, diz que rompeu politicamente com o atual mandatário e afirmou que entre os motivos de sua saída envolvem “pedidos de dinheiro” por parte do diretor da Cultura, Valdir Antônio, e a ocorrência de um furto de um celular corporativo na Biblioteca Municipal. A reportagem procurou o prefeito e o diretor da Cultura para comentar a entrevista, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria (15/12 às 14h). O espaço está aberto caso queiram se manifestar.

O sr. pediu demissão do cargo de diretor administrativo da prefeitura?

Não. Eu falei para o prefeito na quarta-feira (07/12). Comuniquei a minha saída na quarta passada e que ficaria, no máximo, até o último dia de dezembro para que ele já procurasse outra pessoa tendo em vista as inconciliáveis questões que estavam ocorrendo no governo dele em relação a postura que tenho, tanto como prefeito quanto agora enquanto era diretor. Depois, no final da semana, quando eu manifestei publicamente a minha saída do governo, hoje (14/12), o prefeito fez a portaria de exoneração.

Mas ele fez a portaria?

Fez. Ele me exonerou.

Foi um pedido seu?

Eu pedi e falei da minha exoneração que era irrevogável, não havia mais condições de a gente atuar junto. Não cheguei a formalizar o documento pedindo a exoneração, mas avisei ele, fiz as publicações. Hoje, finalmente, ele fez a portaria.

Então, o sr. gostaria de ter continuado até dia 31 de dezembro, mas o prefeito quis antecipar?

Sim.

Por decisão dele?

Sim.

Quando o sr. fez o pedido dizendo que não ficaria no cargo, qual foi a reação dele?

Ele não tem reação mais. Ele abaixou a cabeça e continuou assinando. Ele se tornou alguém absurdamente omisso diante de questões tanto graves quanto em relação a questões que são necessárias de se resolver e falta uma decisão efetiva do prefeito. Isso foi reclamado a mim por quase todos os diretores da sua gestão que, inclusive, ficaram muito felizes com a minha chegada, pois ele iria passar a ouvir alguém e tomasse decisões efetivas daquilo que não estava fazendo até então. Mas infelizmente ele não fez, pelo contrário, tomou uma postura totalmente diferente da postura que nós tivemos, que eu tive com ele durante os dois anos e meio enquanto prefeito e ele como vice, a ponto de não reconhecer mais a pessoa que foi eleita duas vezes comigo, o que me levou a comunicar a minha saída e a única reação que ele teve foi abaixar a cabeça e continuar despachando.

O sr. fez uma série de acusações contra a administração do prefeito pelas redes sociais. Divulgou vários posts sucessivos e dentre eles o sr. cita crime de omissão, prevaricação, mas não necessariamente naqueles posts o sr. disse quais seriam esses crimes que o prefeito teria cometido ou a gestão dele estaria cometendo. O que o sr. tem a dizer sobre isso?

Eu aleguei que caso ele se mantivesse omisso perante questões que já foram levadas ao conhecimento dele, inclusive, trazidas a público, que é especialmente as atitudes bastante, no mínimo, irresponsáveis e impróprias do diretor de Cultura, de uma das pastas, aí sim ele estaria se omitindo. E é, pelo menos, o que nós temos visto até agora. Infelizmente isso não me alegra nada, mas eu levei a conhecimento dele, pessoalmente, a respeito de fornecedores que estavam recebendo mensagens do diretor de Cultura solicitando dinheiro, supostamente para coisas pessoais, inclusive no horário de expediente. Comuniquei ele a respeito de coisas que estariam acontecendo, de pessoas do comércio virem me trazer coisas a respeito do diretor. Comuniquei ele a respeito do diretor fazer compras e solicitações de serviço sem previamente empenhar, o que é algo inconcebível para um diretor. Levei os prints dos fornecedores, inclusive de outros municípios cobrando logo que eu assumi a administração para, junto do prefeito, tomar providência, e o prefeito infelizmente não fez nada. Então, isso foi tomando uma proporção a ponto de eu depois procurar saber e ver que essa postura que o diretor de Cultura assumiu quando veio para Mirandópolis era a mesma postura que ele tinha lá em Guaraçaí, de solicitar dinheiro para várias pessoas. Encontrei uma ex-vizinha dele que falou que ele solicitou dinheiro para ela, que solicitou para as amigas dela. A única coisa que eu ouvi do prefeito foi: ‘Isso é a vida pessoal dele, não tenho nada com isso’. Eu acho que todos nós temos os nossos problemas na nossa vida pessoal e isso também na vida pública, quando a gente faz algo na vida pessoal, desde que não interfira na vida de terceiros, acho que só nós mesmos temos que responder. Mas a partir do momento em que você se utiliza de um cargo para solicitar dinheiro para um fornecedor, que você se utiliza de um cargo para fazer o que está sendo feito, aí eu acho que é algo que nós não podemos estar tratando como sendo algo da vida pessoal de alguém.

Mas ele pedia dinheiro para assuntos pessoais dele?

Coisas pessoais. Duas pessoas ele solicita dinheiro, dois fornecedores, falando que é para exame do pai. Aparentemente, isso eu não posso afirmar, mas aparentemente até um dos fornecedores teria disponibilizado um certo valor para ele e depois ele solicitou de novo. Chegou também ao conhecimento de ele solicitar dinheiro pessoalmente para outro fornecedor dizendo que era para evento da prefeitura. Na verdade, não se tinha evento que ia se realizar com patrocínio. E o prefeito falou na primeira semana que  entrei, ele me convidou dizendo que eu entraria no lugar da antiga diretora e que a antiga diretora iria para o departamento de Cultura, porque não tinha mais condições de ele manter o diretor de Cultura no cargo, que tinha sido um grande erro da sua gestão trazê-lo de Guaraçaí para cá, e aí quando foi… Passou ali a semana, eu levei a documentação, quando foi no sábado à noite ele falou: ‘Olha, o diretor foi bem no Dia das Crianças e tal’ — isso eu tenho as mensagens dele — ‘então eu vou mantê-lo no cargo, mas eu vou tirar a sua antecessora e vou manter ele no cargo e o cargo também é seu’. E aí quando eu cheguei na primeira semana ele já me comunicou que teria que pegar uma servidora para ir ajudar o diretor de Cultura, tendo em vista que, caso… Uma excelente servidora, a propósito. Caso não fizesse isso ele não teria, provavelmente uma tal, porque o diretor não estava dando conta de fazer a lição de casa, e aí eu disponibilizei uma servidora minha. Tive que fazer toda uma hiper alteração no departamento de administração logo na minha chegada, haja visto que para manter o diretor da Cultura para ter os eventos de final de ano, ele teria que pegar uma servidora minha para ajudar.

Quando o sr. fala fornecedores da prefeitura que ele teria pedido dinheiro, são fornecedores de modo geral ou fornecedores que venceram licitações da prefeitura especificamente?

A Cultura trabalha com muitos fornecedores, tanto que fazem licitação quanto aqueles que também, por exemplo, prestam serviços em eventos. Então, os fornecedores que me procuraram e que chegaram para mim as mensagens e pedidos, são fornecedores que prestam serviços especificamente, em geral, para a prefeitura e majoritariamente para o Departamento de Cultura. Não vou citar os nomes aqui, mas, por exemplo, dois deles são fornecedores que, até o meu mandato, não eram processos licitatórios, porque se enquadravam em um limite legal. Porém, pelo o que eu fiquei sabendo, que eu vi desse ano, esses, por exemplo, dois deveria ter sido feita licitação, mas as duas deram problemas. Então assim, independentemente de ser licitação ou não, são fornecedores que prestam, de alguma forma, serviços ou vendem produtos para a prefeitura, mais especificamente em regra para o departamento de Cultura. Então, assim, não são pessoas aleatórias. Eu falei com diversas pessoas de Guaraçaí, com diversas pessoas que conhecem o diretor e ele fazia a mesma coisa lá. E para mim, além disso, tivemos um caso muito grave, que no mínimo, o prefeito deveria ter se atentado a isso porque eu comuniquei pessoalmente a ele, mas nós tivemos um furto na biblioteca.

Iria chegar nisto. Se trata de um celular corporativo da prefeitura?

Um celular corporativo do Banco do Povo. Engraçado, porque o furto ocorreu, pelo que a gente sabe, pela primeira vez que a biblioteca foi furtada. O furto ocorreu de um celular do Banco do Povo, pouco depois do Banco do Povo ter se locado na Biblioteca e o que me chamou muito a atenção é que quando o local que deu acesso a essas pessoas, havia outros celulares, havia outros equipamentos, mas quem foi, foi direto nesse celular e simplesmente revirou algumas gavetas do banco do povo, sabe-se lá procurando o quê. Ele deixou celulares, ele deixou computadores, ele deixou outros equipamentos e, além disso, o que nos chamou muita atenção foi o alarme não ter disparado. Porque o alarme é da responsabilidade da administração, de toda a prefeitura, e aí eu entrei em contato com empresa e a empresa veio até aqui, salvo engano, na terça-feira. O furto foi no final de semana e o relatório que a empresa me passou é que o alarme não teve qualquer acionamento e o lugar por onde houve a invasão, por onde os meliantes entraram seria um local onde o alarme teria normalmente disparado. Então, muito provavelmente, o alarme que é de responsabilidade dos diretores acionar, não foi acionado justamente no final de semana que aconteceu isso. Não estou fazendo nenhuma acusação a ninguém, eu estou dizendo que o prefeito, em se tratando de questões como essa não deveria de maneira alguma se omitir. ‘Ah, mas foi aberto boletim de ocorrência’. Ótimo, mas não tem algo estranho? ‘Olha, o alarme não acionou, e aí?’ Não se chama pelo menos o diretor para tirar uma satisfação de o porquê não foi acionado o alarme?

O Mirão não fez isso?

Até onde sei não.

Quando o sr. comentou dizendo que o diretor da Cultura teria pedido dinheiro para um evento da prefeitura e esse evento não se realizou, houve o pagamento desse dinheiro?

Até onde sei, sim. Mas aí cabe apuração, porque a maioria dos fornecedores são pessoas absolutamente discretas e não querem qualquer tipo de envolvimento nesta situação. Eu cheguei a ponto, para você ter uma ideia, por duas vezes eu fui em uma lanchonete tradicional da cidade, pelo menos duas vezes, eu cheguei a sentar no início do meu retorno ao mandato, ao governo, com o diretor de Cultura, no período noturno, porque ele estava ali fora do horário de serviço, porque era um colega de trabalho, quando eu o apresentei para o dono do estabelecimento, passou um tempo, o dono do estabelecimento me procurou. Pediu para eu não falar para o prefeito, mas eu falei, que o diretor antes de o apresentar para o dono do estabelecimento que ele saía do lugar várias vezes sem pagar a conta. Iam atrás dele no hotel em que estava. E ele dizia que esqueceu e pagava.  Depois que apresentei ele como sendo diretor da Cultura, aí ele parou de fazer esses atos. Então, eu não tenho por quê criar uma história.

Mas sobre o evento, o sr. sabe do que se tratava?

Não, desconheço.

O evento que a prefeitura iria fazer…

O evento supostamente para patrocínio. Os outros pedidos que eu tenho em mãos, que os fornecedores me passaram, aí ele dá a desculpa que é para o pai dele.

Mas esse do patrocínio, o sr. não sabe o nome do evento?

Não. Sei que desculpa que ele teve, mas não tem evento.

E nem o valor?

Não.

Mas a prefeitura não fez evento nenhum?

Não, não com patrocínio. Tirando que eu sei que ia ser patrocinado com R$ 30 mil pela usina e é totalmente dentro das normalidades legais esse tipo de feito, outro tipo de evento não há essa situação.

Diante de tudo isso, quando o sr. passou esses acontecimentos ao prefeito, essa situação de ficar pedindo dinheiro, o que o prefeito disse?

Que era coisa da vida pessoal dele. Que ele, prefeito, não tinha nada a ver com isso. Um dos fornecedores, inclusive, chegou ir até a biblioteca… Que recebeu uma mensagem, pensando que o celular do diretor havia sido clonado, daí quando ele chegou ao diretor falou: ‘Seu celular foi clonado?’ E ele respondeu: ‘Não, sou eu mesmo’. ‘Mas então foi você mesmo que mandou essa mensagem pedindo R$ 300?’. ‘Foi, foi eu quem mandou, pedi sim’.

Mas do celular particular ou da prefeitura?

Eu não sei se era particular ou da prefeitura, mas era em horário de expediente. Horário de serviço é para prestador de serviço.

Que atitude o sr. estando prefeito no ligar do Mirão acha que deveria ter sido tomada?

O afastamento imediato do diretor e a apuração de cada um dos fatos. Eu jamais disse para ele que ele: ‘Olha você tem que imediatamente…’. Não disse para ele que teria que tomar providências imediatas. O diretor, para se ter ideia, não conseguiu fazer o orçamento e colocar no orçamento anual do município. Foi colocado praticamente a mesma coisa do ano anterior da antiga gestora. Então, faltou perícia para fazer essa questão do orçamento, faltou perícia do diretor para realização dos eventos e se não fosse a servidora que eu disponibilizei, não teria ele condição de realizar suas questões legais, que tem que ser feitas na administração pública, bem como, os atos contínuos do diretor solicitando dinheiro para fornecedor e fazendo coisas desse tipo na cidade. Que mesmo o diretor ele tem que ter a sua questão do decoro. Isso é um fato, não é só o prefeito ou o vice, mas o diretor também tem que ter o decoro dele. Então se o diretor tem atitudes incompatíveis com o cargo, o prefeito não pode mantê-lo. Então, o mínimo que o prefeito deveria ter feito é efetivamente tomar atitudes em relação a isso desde o início. Não sei se ele vai querer tomar agora, não sei se ele… Mas eu não poderia continuar insistindo, falando com o prefeito o que estava de errado acontecendo. E no final quem ficou como errado para ele foi eu, por ter mostrado os erros que estavam acontecendo. Mas eu não poderia ter ficado calado perante a população pelo nome que eu tenho, pela postura que eu tive como prefeito, vendo, agora, meu ex-patrão, e o cara que foi vice duas vezes comigo e que viu como eu agia, permitindo coisas erradas acontecerem e, até então, não fazer nada. Então, assim, a atitude mínima que o prefeito deveria ter tomado é afastar o diretor e fazer as devidas apurações e não falar que isso é coisa da vida pessoal dele e que ele não tem nada com isso.

Sodario e Mirão durante entrevista em abril para o jornal. Foto: Arquivo AGORA NA REGIÃO

E o prefeito vai manter o diretor da Cultura?

Pelo o que eu sei, sim. Uma hora ou outra não vai conseguir. É um cara que hoje infelizmente não tem condições de manter no cargo. Não sei até onde ele vai levar, mas pelo que eu sei até agora essa pessoa está mantida no cargo.

O sr. se arrepende de alguma forma de ter aceitado o convite de trabalhar  na administração do Mirão?

Não. Eu não me arrependo de nada porque eu não me arrependo de nada que eu faça, a não ser que eu faça algo que foi um erro e aí eu tenha de alguma forma prejudicado terceiros. Aí sim me arrependeria. Me arrependo, talvez de tê-lo escolhido como vice na última eleição. Mas não me arrependo de ter voltado para o governo, porque eu voltei sabendo de que muitas coisas não estariam sendo geridas da melhor forma. Então, a minha expectativa… É claro, eu preciso trabalhar, preciso do salário. Saí da prefeitura e fiquei desempregado por um bom tempo, mas quando eu retornei, eu vi que entrei com a ideia de auxiliar prefeitos, tentar com a experiência que eu tive também como prefeito e a perícia também do cargo, ajudá-lo ali a entender o governo sendo minimamente ali… Que o prefeito tivesse ali a postura adequada para o cargo. Mas, infelizmente, eu tendo várias pessoas que deixaram o governo dizendo isso para mim, eu vi que realmente o prefeito não quer ser ajudado, ele infelizmente se tornou uma pessoa absurdamente inacessível. Ontem, eu fui na prefeitura pela última vez, quando eu sai tinha uma fila de diretores e estava chegando mais, eu lembro pelo menos de quatro, já estava chegando, acho que o quinto que queria falar com ele, mas ele trancado no gabinete sem atender ninguém, não atende munícipe, não atende diretores. Diretores ao ponto de terem que marcar praticamente horário para falar com o prefeito e várias vezes irem servidores para despachar alguma coisa com chefe do executivo e ficarem horas esperando a boa vontade do prefeito em assinar um mero documento, mas o servidor precisa da assinatura dele. Então essa postura, esse isolamento que ele tomou, essa falta de diálogo com a Câmara… Eu tinha dificuldades com a Câmara nos dois mandatos, agora, jamais fui uma pessoa a ponto de me fechar dessa forma e perder praticamente todos os vereadores por conta de uma postura absurda, uma postura quase infantil do prefeito. O prefeito, ele tem uma postura infelizmente vingativa, de isolamento, falta diálogo, não dialoga sequer com os seus diretores, quanto mais dialogar com vereadores. Então, essa postura eu acho ele não se deu conta ainda do cargo que ele está e mais do que qualquer coisa tem decepcionado muito aqueles que acreditaram no projeto e inclusive, hoje, eu. Então, não me arrependo de ter retornado, fiz o que eu podia e tentei fazer o que eu podia. Agora eu não iria me calar de diante de tantos absurdos inaceitáveis.

Ele chegou a te proibir, de alguma forma, de cumprir a sua função como diretor administrativo?

Para você ter ideia, ele me isolou de uma forma a ponto de não me informar de nada. Eu não fui impedido de atuar como diretor administrativo nas partes técnicas, mas agora eu fui, pra se ter ideia, houve uma reunião de reajuste, salvo engano na quinta-feira, e eu falei tudo isso pra ele na quarta… Reunião de reajuste quem faz a lei é o diretor administrativo e eu, se quer, fui convidado para a reunião. Então, assim, chegou a esse ponto absurdo de ter um isolamento e depois ele disse que, sei lá quem são as poucas pessoas que ele ainda conversa, estavam dizendo que teria chegado e as coisas estariam mudando. Eu percebi também que houve um ciúme do prefeito, um ego muito grande e uma falta de se autogarantir e aí teve esse ciúme da minha parte e foi quando eu disse: ‘Olha, se está acontecendo tudo isso de errado e eu tentando te ajudar e o senhor ainda está com ciúmes da minha pessoa? O senhor está com ciúmes porque eu sou ex-prefeito e não tem coragem de dizer isso’. E aí foi quando ele confirmou que realmente disse isso para mim que as pessoas estão dizendo, eu falei: ‘Olha, eu realmente estou fora do governo, peço desculpas por ter que sair agora, mas a tua postura me obriga a sair e você perdeu aí, talvez, a última pessoa que ainda acreditava em você’. Eu acreditava muito nele. Não estou dizendo que ele é uma pessoa desonesta. Jamais vi ele pedir dinheiro público, assim como eu também. Agora, nem só honestidade é fundamental para qualquer membro de qualquer um dos poderes, mas não é só isso. Você tem que ser um bom gestor, você tem que ser responsável, você tem que ter postura para o seu cargo, especialmente durante o expediente, especialmente com os seus subordinados e ele não passa de um chefe e, infelizmente, bem ruim. Ele não é líder, ele não anima, ele não inspira, ele não tem os diretores hoje inspirados no governo. Tem pessoas que estão porque precisam trabalhar, mas muitos não tem certeza que infelizmente se ele conseguir cumprir o mandato dele, que não está em uma boa situação, eu acho que uma boa parte dos que estão ali não conseguem ficar os dois anos que ele ainda tem, porque é um barco infelizmente sem rumo e afundando.

Então o sr. rompeu politicamente com ele?

Politicamente não existe mais nenhum apoio da minha parte ao atual prefeito Mirão. Desejo que ele reveja seus conceitos. Não desejo… Não vai ser eu que vai caçá-lo, não serei eu quem vai ser oposição, que vai ficar fazendo vídeo, fazendo isso, fazendo aquilo. Eu apenas, politicamente, hoje, não tenho condições de ficar apoiando um governo, bem como, especialmente o prefeito, que age totalmente diferente daquilo que nós prometemos quando fomos eleitos. Então, deixo sim de apoiar. Desejo que ele reveja seus conceitos. Não desejo que ele seja caçado, não desejo que ele seja de qualquer forma prejudicado. Desejo que faça uma revisão daquilo que está acontecendo dentro da sua gestão e que repense, mas isso não pelo bem dele, é pelo bem de Mirandópolis, porque ele infelizmente não vai, pelo jeito, concluir o mandato dele como sendo um dos melhores prefeitos que o município já teve, mas que pelo menos ele consiga concluir o mandato, fazendo aquilo que está a altura da população, porque quando nós estamos num cargo desses, nós temos que parar de pensar em se vingar, parar de pensar em ferrar com a vida de vereador de quem é da oposição ou até mesmo daqueles que já foram da situação. Nós temos que te a responsabilidade de ‘prefeitar’ que é o que, talvez, nosso queridíssimo prefeito ainda não tenha se dado conta.

Ao tornar tudo isso público, existe alguma pretensão política do sr.?

Não. Eu para você ver, sou uma pessoa que não pode ser candidato na próxima eleição. A eleição que eu posso ser candidato a prefeito hoje em Mirandópolis é 2028, mas eu já disse que eu não sei nem que eu vou estar vivo até lá. Eu preciso trabalhar, hoje eu estou desempregado. Eu jamais jogaria fora o salário de R$ 8 mil, que agora vai para quase R$ 10 mil, mais ticket que foi dado no meu mandato. Então, não existe nada sendo feito da minha parte por uma questão política. Eu sou uma pessoa muito direta e aquilo que tiver errado… Foi uma coisa que eu disse para o prefeito quando ele citou o vereador com quem ele tem bastante oposição e dificuldade de relacionamento, ele disse desse vereador seria, nos termos dele, bandido. Aí eu olhei para ele e falei: ‘Olha, prefeito, bandido por bandido, para mim que pede dinheiro a fornecedor e faz coisa como que está acontecendo no seu governo, para mim também é a mesma coisa.’ Quem rouba um real, rouba um milhão. Então, quando eu disse isso para ele, ele sequer teve resposta para me dar. Então, eu acho que o que foi feito da minha parte, não é para prejudicar o prefeito, não é para que a Câmara o casse, não é para que uma pessoa seja mandada embora, não é para que eu tenha qualquer coisa política… Eu já fiz o meu nome politicamente. Encerrei meu mandato tendo a melhor aprovação entre os 43 prefeitos da região e com uma aprovação que ele dificilmente vai conseguir chegar. Então, eu não preciso de qualquer coisa nesse sentido. Pelo contrário, seria muito idiota se eu fizesse isso agora, quando eu sequer tenho outro trabalho para sobreviver. Então, esteja certo que o que eu fiz é para valorizar aqueles que confiam em mim, para valorizar os valores que eu tenho e para respeitar a minha própria consciência, porque eu jamais me calaria diante de tudo isso que esta acontecendo como o atual prefeito está calado.


                       
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