De office boy a dono de frigoríficos: conheça a história do mirandopolense José Carlos Bronca

De office boy a dono de frigoríficos: conheça a história do mirandopolense José Carlos Bronca

Quem enxerga de longe a história de vida de José Carlos Bronca, 70 anos, não imagina tamanho desafio que o agropecuarista teve de enfrentar ao longo de sua trajetória para construir seus empreendimentos. Saiu de office boy e faxineiro em um banco para ser um dos empresários mais renomados do Acre. O mirandopolense carrega em sua bagagem seus 18 anos vividos na Cidade Labor e mesmo morando mais de 50 anos longe de sua terra natal, ele mantém sua conexão por meio de ações sociais. Tem ajudado entidades como APAE, AMAI e Ser Criança, mas não se vangloria: “Isso faz parte da minha vida. Quem sofreu e quem passou necessidade tem que ajudar os outros”, disse em entrevista ao jornal. Dono de uma rede de frigoríficos espalhados pelos estados de São Paulo, Rondônia, Amazonas, Acre e Mato Grosso, o empresário conta um pouco de sua história de vida.

Qual a sua ligação com a cidade?

Eu nasci em Mirandópolis em 1953. No dia 8 de fevereiro fiz 70 anos. Eu morava atrás do Hospital das Clínicas. Vivi lá até meus 18 anos. Eu trabalhava no Bradesco, de office boy. Depois fui ser faxineiro do banco. Eu saía do banco entre 18h e 19h e depois ia estudar no ginásio, a pé, e chegava em casa por volta da 1h da manhã. Eu era responsável por limpar o Bradesco sozinho. Com o tempo, em razão da minha vontade de trabalhar, comecei a atuar no caixa executivo. Depois de um tempo fui transferido para Araçatuba também na mesma função por 10 meses. De lá, fui para Dourados como chefe de serviço. Depois fui para São Paulo, passei por Campo Grande, depois Iguatemi (MS) e em seguida Fátima do Sul, onde fui promovido.

Quando o sr. resolveu partir para o agronegócio?

Na época, o banco tinha um questionário que dava como opção a possibilidade de transferência. Eu queria ir embora para ganhar um pouco mais. Em um belo dia me liga Paulo Amaral Vasconcelos, que foi vice-presidente do banco. Ele me perguntou se eu queria me transferir para o Acre. Com 25 anos de idade eu já era gerente do Bradesco em Rio Branco. Fui para Rio Branco em 1979, graças a Deus, fizemos um grande trabalho. Depois eu comecei a comprar gado e terra. Foi quando saí do banco. Eu fiquei na gerência por sete anos. Eu liguei para o sr. Paulo dizendo que iria sair. Nessa mudança eu comecei a vender gado do sr. Rubico de Carvalho, um dos pioneiros na importação de animais da raça nelore. Eu comprava o gado dele e vendia. Éramos muito próximos. Já cheguei a vender 800 touros por ano. Apartávamos o gado juntos. Fiz o primeiro leilão de gado do Acre. Na época tínhamos disponíveis 40 touros, mas não conseguimos vender nenhum por conta do preço (risos).   

Qual a lembrança que o sr. tem de Mirandópolis?

Eu tinha uma família muito pobre e poucas amizades. Era menino novo e muito caipira (risos). Mas tenho ótimas relações aqui. Muitas pessoas me ligam pedindo ajuda. Mas isso já faz parte da minha vida.

Quais entidades busca colaborar?

Tenho ajudado a APAE, AMAI, Ser Criança… E não somente aqui. Ajudo entidades em Rio Branco, em outras cidades onde tenho fazendas. Tenho ajudado hospitais de câncer como o de Rio Branco, Bujari e Cuiabá. Ajudo mesmo. Isso faz parte da minha vida. Quem sofreu e quem passou necessidade tem que ajudar os outros. Você se sente realizado.

O sr. teve uma vida difícil?

Muito. Meus pais eram muito pobres. Meu pai era lixeiro e minha mãe era funcionária de hospital. Mas Deus me ajudou. Eu não esperava tanta coisa assim. Eu não posso reclamar porque não me falta nada. Estou com saúde e com muita vontade de trabalhar e de fazer as coisas. E se eu puder ajudar eu vou ajudar. Só que na vida não precisa ter pressa. Em Rio Branco, eu tinha 5 mil cabeças de gado e andava de Pampa. Só fui ter minha caminhonete aos 50 anos.

E qual a dica para quem quer empreender?

É ganhar e gastar pouco. É não fazer negócio ruim e não ter muita agonia. Quem é direito, quem trabalha certo, o negócio vem de encontro a você. Hoje tenho posto de combustível, fazenda e oito frigoríficos. Atualmente, matamos 2 mil bois por dia. Chama “Nosso Frigorífico”. Temos frigorífico e açougue em Jandira (SP), Cacoal (RO), Manaus (AM), Rio Branco (AC), Cáceres (MT), Boca do Acre (AM), Manicoré (AM) e Porto Velho (RO).


                       
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