Entidades, imprensa, defesa civil e polícias da região se unem para arrecadação de alimentos ao litoral paulista
Ação humanitária denominada “SOS Área 18” está envolvendo entidades, veículos de imprensa, defesa civil e polícias da região noroeste paulista para a arrecadação de gêneros alimentícios, água mineral, materiais de higiene e outros itens para serem destinados às vítimas da enchente que vem castigando o litoral norte paulista desde domingo (19).
Os pontos de entregas dos donativos estão sendo as unidades da Polícia Militar do CPI-10, região Araçatuba, Andradina e municípios abrangidos, além dos postos da Polícia Rodoviária de toda região noroeste paulista e nos Rotary Club de cada cidade que engloba o Distrito que abrange parte do Mato Grosso do Sul e parte do Estado de São Paulo.
Alimentos não perecíveis, água mineral, materiais de higiene e demais donativos poderão ser entregues em todas unidades da Polícia Militar e Rodoviária da região noroeste, cujos donativos serão transportados para às vítimas da tragédia.
Até o fechamento desta edição, o temporal vitimou 48 pessoas e 38 estavam desaparecidas. Segundo dados da Defesa Civil, em todo o estado, há 1.730 desalojados e 766 desabrigados em decorrência das chuvas, com maior número registrado no litoral paulista.
“O trabalho da imprensa é imprescindível para esta ação coletiva deste consórcio inédito com os meios de comunicação que demonstram preocupação pelo nosso próximo. Não é só dar a notícia o papel da imprensa, nosso papel é ser humano e solidário”, disse Roni Paparazzi, jornalista que convidou os meios de comunicação para o movimento.
Mais informações para aderir à campanha podem ser obtidas pelos telefones: (18) 99636-8698 ou (18) 99171-3395.
RELATO
A farmacêutica Franciele Rodrigues Macedo, que nasceu em Mirandópolis, e hoje trabalha e mora em Araçatuba, conta que foi curtir as férias junto com o namorado em Juquehy, no município de São Sebastião. Eles ficaram alojados em uma pousada um pouco distante de onde ocorreu a tragédia. Porém, o temporal também chegou a alagar do lado de fora do domicílio, fazendo com que todos os hóspedes saíssem às pressas no dia seguinte.
“Começou a chover por volta das 19h. Era uma chuva muito forte. Durou cerca de 12 horas. No momento, nós estávamos jantando em um restaurante. Como o local era alto, naquele momento ainda não estava alagando. Depois que saímos do restaurante e fomos para o centro da cidade, estava tudo alagado. E a água não parava de subir. A cidade estava tomada pela água e muitos carros ficaram pelo caminho. Ao voltarmos para a pousada, o nível da água começou a subir do lado de fora, na altura do joelho. Ficamos na pousada aguardando a chuva passar. Não conseguia dormir. A sensação era de desespero porque não sabíamos o que iria ocorrer, se a água iria continuar a subir”, conta.
Franciele também relatou a corrida das pessoas a mercados da região ao medo de desabastecimento. A fila para entrar nesses estabelecimentos chegava até três horas.
“Um dos principais mercados da região foi fechado. A água invadiu e inutilizou boa parte dos produtos e prateleiras. Ficaram abertos apenas pequenos empórios. Então, começou aquela correria das pessoas em busca de alimentos com medo de desabastecimento. Muitos lugares ficaram sem energia e sem água. Também tivemos dificuldades no pagamento dos produtos, pois era possível apenas com dinheiro em espécie porque não havia máquinas de cartão e nem sinal de telefonia para envio de PIX”, disse a farmacêutica.
Ela e o namorado retornaram para São Paulo na última quarta-feira (22), com previsão de retorno a Araçatuba na sexta-feira (24).