‘Estar vivo é sem dúvida fruto de muita fé e oração’, diz João Mineiro, que recentemente passou por problemas de saúde

‘Estar vivo é sem dúvida fruto de muita fé e oração’, diz João Mineiro, que recentemente passou por problemas de saúde

Conversamos com João Mendes e Tereza Souza, que ainda jovens começaram a namorar, mas como não tinham o apoio de todos por serem primos, acabaram fugindo para casar. Chegaram em Mirandópolis por conta do destino em 1974, e dessa união tem as filhas Renata e Viviane, além de quatro netas. Confira na sequência a entrevista completa com João Mineiro, como é conhecido popularmente.

Onde nasceu e cresceu?

Nasci em Minas Gerais, perto de Salinas, na divisa com a Bahia, no ano de 1948. Cresci no sítio com os meus pais, daí fui para o estado de São Paulo, na cidade de Candido Mota, quando eu tinha uns 18 anos, mas daí fui sozinho. Depois, com uns 20 anos fui morar em Taciba e Presidente Prudente, quando trabalhei na companhia Swift, lá na região tinha várias fazendas de americanos. Fiquei bastante tempo por lá, tive uma casa e também toquei um açougue.

Começou a trabalhar cedo?

Nossa, bem cedo, ainda criança já fazia pinga e rapadura, na verdade um pouco de tudo que envolve o trabalho na roça. É aquela história, quando comecei a andar já estava no meio de tudo e nunca mais parei.

Quando conheceu sua esposa?

Nós somos primos (risos). Em 1973 a gente casou, ela tinha uns 16 anos, mas tivemos uns três anos de namoro antes disso. O pai dela deixou, mas a mãe não queria por sermos primos. Nós ficamos noivos, mas para evitar problemas, ela desmanchou o noivado, mas passou um tempo e eu a convenci a fugir para casar. Foi quando fugimos e ficamos trabalhando na Swift.

Como chegou em Mirandópolis?

Foi porque eu conheci o Sr. Mário Varela, ele foi comprar um cavalo para um rodeio na fazenda que eu trabalhava. O Vitor Varela, ainda muito pequeno disse que gostou do cavalo, mas também tinha admirado a forma que o peão, eu no caso, tratava os animais. Acredito que ficaram impressionados porque naquela época não tinha quem mexesse com aquela raça de cavalo, então o Varela disse para o gerente que só compraria o cavalo se o peão fosse junto. Lembro até hoje, no dia ele falou que não sabia o quanto eu ganhava de salário, mas que me pagaria o dobro. Então com isso a gente veio para Mirandópolis.

Podemos dizer que foi o destino?

Costumamos dizer que a Família Varela foi uma benção em nossas vidas. Chegamos em 1974, moramos com eles por 11 anos. A minha esposa quando chegou aqui, por ser bem nova, não sabia nem fazer um arroz, e de cara já veio tomar conta da casa. A Dona Zilda ensinou praticamente tudo, teve paciência e amor. A nossa filha Renata nasceu na fazenda do Varela, em 1976.

Sempre gostou de trabalhar na roça?

Eu gostava tanto que quando era novo lembro de um rodeio, onde hoje é a rodoviária, que montei em um touro. O Zé do Prato e o Jorge dos Santos vinham e faziam festas ali. Eu era toureiro amador, não era profissional como o pessoal, mas mesmo assim eu entrava na brincadeira (risos). Mas sempre gostei da lida na roça, tanto que faz 25 anos que eu tomo conta da fazenda da Redepas, que fica em Nova Independência. Agora eu passei as responsabilidades para o meu neto, que cresceu, foi aprendendo e está tomando conta. Uma curiosidade, quando eu trabalhava com o Varela, a gente ia de trem buscar boi no Pantanal. O trem era de ferro e tinha umas gaiolas. Para chegar lá era de três dias para mais, do jeito que embarcava se caísse e morresse, só ia descobrir aqui, porque a gente subia e ia embora. Fiz três viagens para lá, pegava 300 bois para trazer, porque aqui tinha pasto e não tinha perigo de morrer. Nós buscamos 900 bois. Eu ficava sozinho no meio dos pantaneiros e paraguaios.

Passou por graves problemas de saúde?

No ano passado apareceu uns problemas, fui colocar a prótese no joelho e já não estava bem, depois deu vários problemas que nem sei contar direito porque não lembro de nada. A minha esposa sempre diz que foi um milagre, fruto de muita fé e oração porque fiquei 23 dias internado em Presidente Prudente. Eles contam que passei 21 dias amarrado porque ficava muito agitado, queria sair da UTI para pegar o cavalo e mexer com boi. Quando saí de lá estava 15 quilos mais magro.


                       
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