‘A paixão pelo serviço social começou aos 12 anos quando morava em Mirandópolis’, recorda Bruna Iarossi

‘A paixão pelo serviço social começou aos 12 anos quando morava em Mirandópolis’, recorda Bruna Iarossi

Foto: Arquivo pessoal

Conversamos com Bruna Eloisa Iarossi Xavier Cruz, mirandopolense de 26 anos, filha de Ellen Iarossi e César Xavier (Tizil). Ela cresceu no bairro Santa Rosa, saiu de Mirandópolis para estudar Direito e se apaixonou pelo serviço social com morador de rua em São Paulo. Confira na sequência a entrevista completa.

Onde nasceu e cresceu?

Em Mirandópolis, sSou filha de Ellen Iarossi e César Xavier (Tizil). Cresci no bairro Santa Rosa e estudei no SESI até o terceiro ano do ensino médio. Aos 18 anos deixei Mirandópolis para estudar Direito no Centro Universitário FMU, em São Paulo.

Como foi chegar na capital?

Uma coisa que me chamou atenção foi o cenário de desigualdade social, conheci outra realidade. Vim morar em um dos melhores lugares da cidade, na Vila Mariana, mas assim que vi tantas pessoas em situação de vulnerabilidade social, isso ardeu no meu coração. Eu não conseguia tirar os olhos das favelas, das comunidades e dos viadutos cheios de famílias carentes.

Com isso iniciou um trabalho social?

Sim, em 2016, encontrei um grupo de voluntários que distribuía alimentação semanal para pessoas em situação de rua. Imediatamente me inscrevi como voluntária e passei a servir um sopão na sexta, já no sábado recebíamos os moradores para tomar banho na base da associação. Também visitávamos às favelas com apoio em outras necessidades das famílias. Doação de roupas, indicações de programas sociais do governo e até tratamento médico. Conseguimos implantes dentários e tratamento ortodôntico para uma moradora de rua e isso me trouxe muita alegria na época.

Isso conciliando com a faculdade?

Exatamente, conciliava a agenda da faculdade, dos estudos e do estágio para servir no projeto social. Como ficou puxado, decidi deixar o trabalho para atuar integralmente como voluntária. Após uma semana em que saí do escritório, fui contratada como coordenadora de voluntários na Associação Beneficente e Comunitária do Povo – ABCP. Financeiramente era uma remuneração menor, mas trazia uma satisfação e foi ao encontro com o propósito de vida que buscava. Passei a coordenar 200 voluntários e com a pandemia, a nossa rotina que antes era apenas às sextas e sábados, passou a ser diária. Fizemos parcerias com restaurantes fechados e entregávamos almoço e janta de segunda a segunda durante a quarentena. No Direito existe o terceiro setor, que é o conjunto de atividades voluntárias desenvolvidas em favor da sociedade, por organizações privadas não governamentais e sem o objetivo de lucro, independentemente dos demais setores (Estado e mercado), então é através dele que temos acesso a parcerias e conseguimos ajudar mais pessoas a saírem dessa situação social. Hoje sou assessora técnica da secretaria municipal de assistência social de São Paulo.

Essa paixão em ajudar o próximo, começou cedo?

Acredito que a semente disso foi plantada em Mirandópolis. Aos 12 anos lembro de ajudar minha família a entregar cestas básicas, nos natais era aquela mobilização para que todos pudessem ter um final de ano feliz. E no Interact eu tive acesso ao asilo e a lugares que me fizeram me apaixonar por servir. Eu nem imaginava que os trabalhos sociais do Interact me levariam ao serviço social na Cracolândia. Sou grata à Mirandópolis por tudo o que formou em mim. Tenho saudades da minha família, dos amigos, da comida e sinto muita falta das pracinhas. Toda vez que volto na cidade vou na Pracinha do Santa Rosa, é um lugar cheio de memórias boas.

Pode deixar um conselho para quem quer ajudar o próximo?

Acredito que todo mundo pode encontrar seu propósito onde está. Cada um tem um propósito. Cada um pode ser útil onde está. Enquanto eu estava em Mirandópolis, fui útil lá, ainda que para poucas pessoas, mas dei o meu melhor naquele tempo. Não é necessário mudar para começar, todo mundo pode começar onde está hoje. Mirandópolis é rica em oportunidades, em projetos sociais, todo mundo pode servir de alguma forma, é só olhar para o lado que você verá.


                       
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