‘A medicina não veio como vocação, mas como orientação do meu pai. Hoje agradeço esse grande incentivo’, conta Dr. Celso

‘A medicina não veio como vocação, mas como orientação do meu pai. Hoje agradeço esse grande incentivo’, conta Dr. Celso

Foto: Allan Mendonça

Conversamos com o Dr. Celso Antônio dos Santos, de 53 anos, especialista em Cirurgia Geral e pós-graduado em Endocrinologia. Profissional renomado na região, o médico casou-se aos 26 anos com Rosane, com quem tem dois filhos, Lucas e Gabriela, que estão seguindo os passos do pai na profissão. Filho de funcionários públicos na época, José Pedro e Joaninha Pilla, Celso sempre foi apaixonado por Mirandópolis. A seguir, confira a entrevista completa.

Como foi sua infância e juventude?

Morei perto da rodoviária, próximo ao bosque, e foi uma experiência maravilhosa. Estava sempre no sítio e tudo isso para mim era uma delícia, extremamente saudável. Meu pai me ensinou a dirigir aos 12 anos, andando de trator, enquanto já ajudava ele a terraplanar, construir cercas e eu dizia que só faria se pudesse dirigir o trator. Era uma competição entre os irmãos para ver quem poderia manobrar a máquina (risos). Estudei na escola Dr. Edgar e lembro dos professores Chiquito e Fumagalli por causa das aulas de educação física. No ensino médio, estudei em Ribeirão Preto, o que foi uma fase muito desafiadora, pois eu era um adolescente de 15 para 16 anos, longe de casa, dos meus pais e ainda morando em uma pensão onde a dona era bastante rígida.

Como a medicina entrou na sua vida?

Aos 15 anos, meu pai se aproximou de mim e disse: “Ano que vem você irá para Ribeirão Preto. Vai cursar o colegial lá, pois você vai se preparar para estudar Medicina”. Embora eu tenha questionado sua decisão na época, ele respondeu com convicção: “Medicina é um curso fascinante e você possui potencial para isso. Você é responsável e tenho certeza de que será bem-sucedido!”. Na minha família, somos em oito médicos, se não me engano. Isso se deve ao ambiente rigoroso e valorização do estudo que estimulavam em casa. Inicialmente, a medicina não era minha vocação intrínseca, mas sim uma orientação paterna. No entanto, uma vez dentro desse caminho, empenhei-me em ser o melhor possível. Na faculdade, minha trajetória foi marcada por dedicação intensa, com estudos em período integral.

Quando formou e onde fez especialização?

Após graduar-me em Medicina em 1997 pela Universidade de Nova Iguaçu (UNIG), decidi buscar especialização em Cirurgia Geral no próprio hospital escola. Na época, estávamos concentrados em cirurgias eletivas. Fui aprovado na residência tanto em Nova Iguaçu quanto em Ribeirão Preto, optando por permanecer no Rio de Janeiro devido ao reconhecimento do programa pela MEC e pela bolsa disponível para a especialização. Com o término da faculdade, Rosane e eu nos casamos, dado que nosso relacionamento, que havia começado durante o namoro, se fortaleceu ao longo do tempo. Decidi dar continuidade à residência no mesmo hospital escola, onde eu já era conhecido pelos professores e colegas, o que me proporcionava familiaridade com o ritmo de trabalho e um ambiente propício para o aprendizado.

Rosane e Celso. Foto: Allan Mendonça

Como foi a decisão de voltar para Mirandópolis?

Após mais de 10 anos, senti a necessidade de retornar à minha terra natal para resgatar as lembranças da minha infância, marcada por momentos maravilhosos. No entanto, a decisão de voltar também foi influenciada pelas oportunidades profissionais que surgiram. Após concluir a residência em Cirurgia Geral, tive a felicidade de me deparar com concursos abertos para hospitais em Mirandópolis, Promissão, Araçatuba e Valparaíso. Aproveitando essa coincidência, fiz os concursos e fui aprovado em todos, sendo chamado inicialmente pelo hospital de Promissão, onde comecei a atuar como cirurgião. Em seguida, a Prefeitura de Araçatuba também me chamou, o que me levou a morar temporariamente entre essas duas cidades, dividindo meu trabalho. Posteriormente, o Hospital de Mirandópolis solicitou minha presença, e após minha experiência no Programa Mais Família em Araçatuba, onde atuava como clínico, decidi focar na minha formação cirúrgica e optei por permanecer em Mirandópolis e Promissão, estabelecendo vínculos profissionais nessas localidades. A decisão de morar em Mirandópolis foi impulsionada não apenas pela minha família, mas pela conexão que senti com a cidade, que considero maravilhosa e pela qual nutro grande admiração.

O que fez escolher a área da endocrinologia?

A Endocrinologia entrou em minha vida de maneira inesperada, resultando em uma história inspiradora. Inicialmente formado em Cirurgia Geral, adquiri uma subespecialização em Endocrinologia devido à minha participação em cirurgias de tireoide no hospital local. Em colaboração com o Dr. Everton Pontes, realizávamos operações conjuntas e eu cuidava dos pós-operatórios, o que me levava a realizar também intervenções em outras glândulas endócrinas. Com a crescente demanda e confiança dos colegas médicos da cidade e região, como a Dra. Marcela, Dr. Alessandro e Dr. Murai, que me procuravam em busca de orientações sobre endocrinologia, percebi a importância de adquirir conhecimentos mais aprofundados nessa área. Preocupado em garantir a segurança e a qualidade dos cuidados aos pacientes, decidi então realizar uma especialização em Endocrinologia em São Paulo, aprimorando minha expertise e capacidade de direcionar adequadamente os pacientes para a assistência especializada necessária. Reconhecer a importância de orientar os pacientes para o profissional correto e buscar capacitação para oferecer cuidados de qualidade demonstra seu comprometimento com a prática médica ética e eficaz. O reconhecimento dos seus colegas e a confiança que depositam em seu trabalho refletem sua competência e dedicação à profissão, garantindo um encaminhamento seguro e eficaz para os pacientes.

Quando decidiu que era hora de focar em seu consultório?

Em 2005, dei início às atividades em meu consultório enquanto ainda trabalhava no hospital, realizando cirurgias e atendendo pacientes. Com o tempo, devido ao aumento das indicações e da procura por meu atendimento, a demanda em meu consultório cresceu consideravelmente, levando-me a dedicar mais tempo e recursos a essa área. Esse aumento progressivo de pacientes levou à interrupção de minhas atividades cirúrgicas, em 2019, quando decidi encerrar as cirurgias e focar exclusivamente na prática clínica em meu consultório. Com uma prática diversificada que abrange a Cirurgia Geral, Gastroenterologia e Endocrinologia, percebi que a intersecção entre a Cirurgia Geral e a Gastroenterologia complementa-se naturalmente, atraindo pacientes em busca de cuidados médicos abrangentes nesses campos. Além disso, a consolidação da especialidade em Endocrinologia fortaleceu ainda mais seu consultório, elevando-o a um novo patamar em 2014, após duas décadas de dedicação à Cirurgia Geral no hospital de Mirandópolis. 

O que planeja para o futuro?

Estou com um consultório em Araçatuba e até já me perguntaram se eu iria mudar para lá. Não será esse o caso, montei porque preciso ter outro ponto de apoio devido a meus filhos estarem estudando medicina em Araçatuba. Mas eu não saio de Mirandópolis.

Qual o sentimento vendo os filhos seguindo seus passos?

É muito bom, significa que você é exemplo, que vai deixar uma história. Mas eles sabiam que não precisavam necessariamente seguir o meu caminho, mas de forma natural quiseram prestar medicina e passaram. O Lucas se forma esse ano e quer atuar na área de oftalmologia. E a Gabriela está no terceiro ano focada na área da obstetrícia por enquanto. Proveito para agradecer a minha família, amigos e a populacap de Mirandópolis que sempre me acolheu muito bem.


                       
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