‘Amo trabalhar com a terceira idade e espero continuar como presidente da entidade por muito tempo’, conta Odete Bersani

‘Amo trabalhar com a terceira idade e espero continuar como presidente da entidade por muito tempo’, conta Odete Bersani

Foto: Allan Mendonça

Dona Odete Anhani Bersani, 73 anos, é uma figura inspiradora, com uma história de vida marcada por trabalho árduo, determinação e alegria. Sua trajetória desde a infância na roça até a presidência do grupo da Terceira Idade por mais de uma década revela não apenas sua garra, mas também seu amor pelo que faz. Casou aos 19 anos com Dionísio Bersani com quem tem três filhos – Solange, Rosangela e Luciano, cinco netos e um bisneto. Confira na sequência a entrevista completa.

Onde nasceu e como foi sua infância?

Eu nasci em Aguapei, que pertencia a Valparaíso. Somos sete irmãos. Não posso reclamar da minha infância, pois aqueles tempos na roça eram bastante desafiadores. Eu era encantada pelo que fazia, passando os dias cantarolando. Desde cedo, aos 11 anos, aprendi a arte da costura; ajudava a criar meus irmãos mais novos. Apesar de gostar muito de cantar, meu pai não permitia que eu ouvisse rádio. Entretanto, aprendia as músicas depois de ouvi-las duas ou três vezes. Sempre adorei cantar; era uma moça bonita e feliz.

Quando começou a trabalhar?

Trabalhei na roça com meu pai até o penúltimo dia antes de me casar. Realizava diversas tarefas, como bater, rastelar e abanar café, arroz, amendoim, feijão, milho, enfim, tudo o que meu pai produzia. Sendo a filha mais velha, ajudava meu pai em tudo, até mesmo a trançar lenha. E ainda há pessoas que reclamam da vida; eu, por outro lado, só tenho a agradecer. Hoje estou nesta idade e Deus tem me dado forças. Participo ativamente da comunidade e ajudando na igreja. Sou uma pessoa agitada, feliz e dedicada ao trabalho. Estudei até a 4ª série. Desde pequena, já sabia como trabalhar, costurando roupas para toda a família, tanto para o campo quanto para ocasiões especiais, auxiliando também nas atividades da roça. Agradeço a Deus por ter chegado até aqui do jeito que estou, sem nada me impedir de realizar minhas tarefas diárias.

Quando chegou em Mirandópolis?

Conheci o Dionísio Bersani, que morava na Ponte Seca enquanto eu residia no KM 49. Nosso encontro aconteceu em um baile, onde ele me viu pela primeira vez. Mesmo com meu pai não permitindo que eu frequentasse bailes, ele me levava somente quando Dionísio também estava lá, pois era muito ciumento em relação às filhas. Foi em um jogo de bola que meu pai conheceu Dionísio e mencionou: ‘Hoje conheci um rapaz que conversou tanto comigo; ele seria alguém que eu permitiria que minha filha namorasse’. Em uma quermesse no KM 50, Dionísio se aproximou, elogiando minha beleza e perguntando se gostaria de namorar. Sendo uma moça do interior e sem muita experiência em tais assuntos, relutei e recusei, pois aos 15 anos eu não tinha namorado ainda. No entanto, começamos a namorar aos 16 anos e nos casamos quando eu tinha 19, em 1969. Dionísio foi meu primeiro namorado, e estamos juntos há 55 anos, residindo na casa dos pais dele na Ponte Seca. Tivemos nossa primeira filha e, posteriormente, nos mudamos para a cidade, alugando uma modesta casa e comecei a trabalhar na prefeitura como braçal. Os primeiros oito anos foram incrivelmente desafiadores, enfrentamos muitas adversidades, mas graças a Deus superamos as dificuldades e conquistamos muitas coisas ao longo dos anos. Além de costurar para fora como forma de auxiliar a renda da família, um dia decidi mudar de emprego e, após muita busca, consegui uma vaga na prefeitura. Permaneci lá por cerca de 17 anos. Ao longo de minha vida, meu relacionamento com Dionísio sempre foi intenso. Passamos por desafios e problemas, mas sempre superamos com muito amor. Hoje, celebramos 55 anos de casados e posso dizer que sou grata por todas as experiências vividas ao lado da pessoa que escolhi para compartilhar minha vida.

Dona Odete e Seu Dionísio. Foto: Allan Mendonça

Como surgiu o clube da Terceira Idade?

Sinto uma profunda paixão por interagir com pessoas da terceira idade. Trabalhando com a Dona Vera, ela expressou sua vontade de me levar para prestar serviços a comunidade. Assim, eu trabalhava durante o dia, à noite e nos momentos de servir, mantendo-me atenta a tudo o que se desenrolava ao meu redor. Após me aposentar em 2010, iniciei minha participação no grupo da Terceira Idade. Naquela época, o presidente era o Carlos Takada e logo me interessei em auxiliá-lo nas atividades do grupo. Rapidamente fui encaminhada como primeira secretária e, em seguida, decidi formar uma chapa para concorrer à presidência do grupo. Vencemos a eleição e desde então tenho liderado diversas chapas. Gosto muito de conversar, embora sem usar palavras bonitas, sempre me destaquei. São 11 anos desde que ocupo o cargo de presidente, e em 2013 foi a minha primeira vez nessa função.

Quais os desafios?

Um dos maiores desafios que enfrentei foi falar em público com o microfone. Mesmo com alguns momentos de gagueira, consegui me sair muito bem. Sou uma pessoa de fácil convivência e recebo um acolhimento caloroso. Conto com o apoio de uma diretoria composta por 18 pessoas maravilhosas, as quais sempre me respaldam. Nosso grupo é composto por mais de 130 sócios e realizamos bailes todos os sábados. É através desses eventos que conseguimos organizar excursões para lugares como Termas, Aparecida do Norte e outros eventos.


                       
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