‘A maior dificuldade é que não podemos salvar todos de uma vez’, conta o bombeiro Yoshi Minami, que esteve no Rio Grande do Sul 

‘A maior dificuldade é que não podemos salvar todos de uma vez’, conta o bombeiro Yoshi Minami, que esteve no Rio Grande do Sul 

Foto: Divulgação

Anderson Yoshikazu Minami, 30 anos, mais conhecido como Yoshi Minami, é mais um mirandopolense que, saindo do cenário local, busca crescimento profissional com a intenção de auxiliar mais pessoas. Ao prestar um concurso público para tornar-se policial, descobriu a possibilidade de se tornar bombeiro, o que mudou o curso de sua vida mais uma vez. Filho de Issamu e Toshimo, Yoshi cresceu na cidade e desfrutou de uma infância tranquila ao lado dos irmãos Eduardo e Luana. Atualmente, o desafio de Minami é salvar vidas atuando no CBPMESP (Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo). Este ano, enfrentou mais um grande desafio, sendo escalado junto com sua corporação para ajudar no resgate durante as inundações do Rio Grande do Sul. Confira a entrevista completa.

Como foi a sua infância?

Nasci em Mirandópolis, desfrutei de uma infância tranquila, participando de atividades como beisebol nos finais de semana. Durante a semana, estudava, trabalhava meio período e à noite treinava atletismo. Iniciei minha vida profissional aos 14 anos como office-boy no escritório do Vitor Nakamura. Estudei na 3ª Aliança, na escola Sara Beatriz, em Mirandópolis, no Hélio Faria, na Anita Gamo e na UNIESP, formando-me posteriormente na FATEC de Araçatuba como tecnólogo em biocombustíveis.

Quando decidiu se tornar bombeiro?

Foi durante o concurso da polícia, quando me cansei de trabalhar na usina com manutenção industrial e oficina de instrumentação. Eu queria algo que me permitisse ajudar mais as pessoas, e ao longo das etapas do concurso, descobri a possibilidade de me tornar bombeiro. Faço parte do CBPMESP – Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo há mais de 5 anos.

Quais operações já participou?

Após a minha formação, trabalhei por três anos no 8GB (Grupamento de Bombeiros) na região do ABC paulista, mais especificamente no Posto de Bombeiros Jardim do Mar em São Bernardo do Campo. Estou há um ano no GAED (Grupo de Ações em Emergências e Desastres) Campo Belo, em São Paulo. O GAED foi criado pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo para atuar em ocorrências de grandes proporções. Este grupo, com 3 anos de existência, já participou de missões na Bahia, Rio de Janeiro, Turquia e, atualmente, no Rio Grande do Sul. Esta é minha primeira missão como membro efetivo do GAED, e estou comprometido em contribuir para as operações de resgate de forma mais eficaz e segura possível.

Como foi o trabalho no Rio Grande do Sul?

Fomos informados na manhã do dia 1º de maio que poderíamos ser acionados para apoio ao Rio Grande do Sul, foram solicitados os nomes dos voluntários, onde o meu foi selecionado. As 17 horas foi confirmado o acionamento, onde todo o efetivo selecionado deveria preparar seus equipamentos e por volta das 22 horas o comboio com o efetivo, viaturas e material logístico, saiu em direção ao Sul. Levamos cerca de 22h de trajeto devido as paradas para abastecimento e a velocidade dos caminhões logísticos. Fomos divididos em 3 equipes operacionais com 6 integrantes cada, a equipe logística que era encarregada dos materiais acomodações e alimentação da tropa, a equipe do canil com os cães de resgate e a equipe médica e os oficiais responsáveis por coordenar as equipes e área de atuação. As equipes de São Paulo atuaram nos municípios de Eldorado do Sul, Canoas e Porto Alegre, o canil em Santa Maria.

Quantos dias ficaram? 

Ficamos dez dias, foram 33 militares em 8 viaturas e 7 embarcações, 2 cães farejadores e 3 equipes operacionais. Foram mais de 228 horas de operação. Foram 44 ocorrências atendidas, 814 pessoas socorridas, 84 atendimentos ambulatoriais, 170 animais resgatados e um corpo recuperado.  A maior dificuldade é que não podemos salvar todos de uma vez, como bombeiros damos a prioridade para os idosos acamados, crianças e gestantes. Então o sentimento é de sempre que poderia ter feito algo a mais, mas é complicado porque entendemos a dimensão da tragédia. Agradeço a Deus por me capacitar e proteger durante a missão, aos meus oficiais comandantes que me acompanharam na missão e a minha EQ SP03 Sgt W.Santos, CB Fornari, CB Leme, Sd Naira e Sd Dos Santos.


                       
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