‘Para ser um bom prefeito é preciso de coragem. O problema é que a política é muito suja’, explica Maria Helena Mendes
Conversamos com Maria Helena Mendes, que nasceu no dia 28 de março de 1943, no bairro Machado de Melo. Mãe de quatro filhos e com nove netos e seis bisnetos, a ex-prefeita de Mirandópolis tem atuação social na APAE e LION. Ela ainda pratica vôlei adaptado e faz academia visando saúde. Confira na sequência a entrevista completa.
Como foi sua infância?
Nasci em Machado de Melo e fui criada por lá. Meu pai tinha sítio, éramos em oito filhos, sendo sete mulheres (risos). Fiquei por lá até os 14 anos mais ou menos, quando meus pais mudaram para Tupi Paulista e eu decidi ficar para morar com a minha avó em Mirandópolis. Estudei inicialmente na escola do Machado, depois completei a oitava série na cidade mesmo.
Quando conheceu o Oswaldo Mendes?
Comecei a namorar o Jacaré (apelido do Oswaldo Mendes) com uns 16 anos, daí com 18 anos já casei. Tive quatro filhos, a primeira foi Rose Marli, depois vieram Rosali Cristina, Junior Mendes, que se chama Oswaldo, e o Marcos Wagner Mendes. A família cresceu, hoje são nove netos e seis bisnetos, sou grata a Deus pela minha família.
O Jacaré sempre gostou de política?
Sempre gostou, mas ele só entrou uma vez. Na ocasião ganhou a eleição e depois que saiu do cargo ele não quis mais saber de política. Depois fui eu que entrei né, me candidatei e ganhei. Na época o meu apelido era Jacaroa (risos). Deu coragem por causa dele. Não tive medo, estava envolvida com a campanha e entrei com cara e coragem.
Como foi sua gestão?
Eu assumi em janeiro de 1984. Não foi um mandato completo, fiquei cerca de dois anos e meio. Foi bem atribulado, mas com a ajuda de Deus consegui fazer muita coisa. Por exemplo, a barragem Santa Helena foi do meu tempo da prefeitura, a inauguração do paço e do coreto municipal. Também conseguimos fazer na época aquela avenida da entrada da cidade com o cristo redentor e uma nova iluminação, a compra do carro do prefeito e caminhões, todos comprados direto da fábrica. Conseguimos reformar toda a frota de veículos. Foi um período intenso, mas tenho orgulho do que conseguimos oferecer para a cidade e a população.
Quais foram as estratégias?
O Quércia era muito próximo da gente, ele era vice-governador de São Paulo neste período, depois foi governador. Tinha que viajar até lá, correr atrás, mas conseguimos muita coisa para Mirandópolis por causa dessa proximidade com ele. Fora isso a estratégia era trabalhar, ter coragem para fazer as coisas. Foi muito boa a experiência na prefeitura e na política, tanto que depois meu filho foi vereador por quatro mandatos.
O que precisa para ser um bom político?
Precisa de coragem para enfrentar os obstáculos, o problema é que a política é muito suja. É um preço muito alto que você tem que pagar, isso afasta as pessoas boas da política, infelizmente. Vale lembrar que sofri muito com a câmara, com os vereadores. Acho que todos os prefeitos que entram, com a câmara trabalhando contra é difícil.
E a parte social do município?
Participei de muita coisa por aqui. Para você ver, na APAE sou da turma das doceiras há mais de 20 anos. Fazemos doces para os leilões e alguns eventos especiais. No asilo sempre ajudei nas campanhas. Também participei do Lions por muito tempo. Só me afastei quando o Oswaldo ficou doente, porque não podia deixar ele.
Qual a receita para sua saúde?
Hoje pratico vôlei adaptado com o pessoal da terceira idade. Além disso, vou na academia duas vezes na semana. Acho que o principal ponto é ter força de vontade de viver. Nunca fumei, nem bebi, vou completar 80 anos no ano que vem, graças a Deus com saúde.
Já pensou em sair de Mirandópolis?
Nunca! Tenho filhos que moram fora, uma em Campo Grande e outra no interior, mas os meninos estão aqui. Eu gosto de Mirandópolis, nasci aqui, casei e criei meus filhos na cidade. So tenho agradecimento aos amigos e família, muito obrigado.
