Corrida de rua transforma estilo de vida e passa a refletir diretamente na saúde de atletas de Mirandópolis

Corrida de rua transforma estilo de vida e passa a refletir diretamente na saúde de atletas de Mirandópolis

Que a prática de exercícios físicos promove saúde física e mental isso é comprovadamente científico e unânime. Em muitos casos, ela tem se tornado o principal remédio (e o mais barato) para contribuir no tratamento de diversos tipos de doenças, até mesmo as crônicas.  Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a atividade física regular é fundamental para prevenir e controlar doenças cardiovasculares (como infarto, AVC e pressão alta), diabetes tipo 2 e diferentes tipos de câncer, além de contribuir para amenizar sintomas de depressão e ansiedade, reduzir o declínio cognitivo e melhorar a memória.

Uma dessas atividades físicas é a corrida de rua, que tem ajudado a saúde de diversos atletas de Mirandópolis e também contribuído na superação dos seus próprios limites, como é o caso do advogado Fauzer Manzano, de 50 anos. Antes de se aventurar na corrida de rua, Manzano tinha o hábito de caminhar de forma esporádica, mas com a pandemia da Covid até mesmo esse tímido costume foi interrompido. 

O resultado dessa paralização foi o aumento de peso. Mas o incentivo dos amigos tornou-se fundamental para que ele retomasse o antigo estilo de vida, só que desta vez de forma mais intensa. “Eu via que as pessoas estavam praticando a corrida e obtendo ótimos benefícios para a saúde. Pesou muito o fato de contar, aqui em Mirandópolis, com a Hidalgo Assessoria Esportiva, dos treinadores Marcos e Lincoln, que me passaram total confiança em todo o processo de adaptação e treinamento. Tenho acompanhamento diário deles”, revela o advogado. 

O apoio da família também foi importante para que Fauzer continuasse com seus treinos. Ele é casado e pai de dois filhos, de 20 e 16 anos de idade. “Meus filhos me incentivam muito e minha esposa Elaine, além de incentivar, me acompanha em algumas provas e nos treinamentos de fortalecimento em academia”, diz.

Com a prática da corrida de rua, o advogado Fauzer Manzano conseguir retirar totalmente seus medicamentos para controle de pressão arterial. Foto: Divulgação.

O resultado dessa disciplina foi a redução e a retirada de vários medicamentos. Fauzer fazia uso de remédios para o controle de pressão arterial. Segundo ele, a perda de peso e os constantes treinamentos fizeram com que sua pressão fosse controlada e a medicação reduzida pela metade até ser totalmente retirada. Tudo isso graças ao novo estilo de vida que passou a adotar. 

“Encontrei motivação para prática diária de atividade física. Temos uma equipe muito bem dirigida e orientada. Todos se dedicam e somos extremamente unidos. Assim, fizemos novas amizades e fortalecemos outras. As corridas pela região são uma verdadeira confraternização com atletas de outras cidades. É apaixonante”, define Fauzer, que já participou de cinco provas na região. 

De fato, essa redução da pressão arterial é cientificamente comprovada com a prática de atividade física regular, conforme explica o cardiologista Alessandro Orsi Rossi, que possui 26 anos de atuação na área, com especialização pela Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e no Instituto do Coração (INCOR), da USP. 

“No que se refere a hipertensão arterial, sabe-se que, comprovado em diversos estudos médicos, a atividade física regular e efetiva é capaz de reduzir a pressão arterial em aproximadamente 10%, o que junto com outras medidas não medicamentosas como perda de peso e alimentação adequada, já seriam suficientes para controlar uma hipertensão leve”, analisa o médico. “É claro que em casos de hipertensão mais graves se conseguiriam um melhor controle e até diminuição da dose da medicação indicada”, completa o cardiologista. 

‘CORRER É VIDA’

A fisioterapeuta Roberta Bezerra de Souza Beltrame, 43, também viveu essa experiência positiva com a corrida de rua. Antes de iniciar os treinamentos, Roberta estava hipertensa e com 10 quilos acima do seu peso atual. 

Ela até tentou se arriscar em outras práticas de exercícios físicos como frequentar a academia, mas foi a corrida de rua que a fez sair de uma zona de conforto. “Eu comecei a sentir muito mal com minha estética, com meu corpo. Um dia, uma colega minha estava correndo e fui procurar saber. Ela que me indicou o professor Marcos Hidalgo. Seria minha última tentativa”, confirma. 

A fisioterapeuta Roberta Beltrame participa de competições pela região e sua maior vitória, segundo ela, é a superação de seus próprios limites. Foto: Divulgação.

O início, segundo ela, não era disciplinar. Vez ou outra ela seguia a planilha de treino oferecida pelo treinador. Após a realização de uma corrida em Mirandópolis que Roberta passou a traçar uma mudança comportamental. 

“Um dia antes de ocorrer a primeira corrida de rua em Mirandópolis, em dezembro do ano passado, eu havia ido a um evento e bebido muito álcool. No dia seguinte, na corrida, foi horrível. Quando eu vi as fotos e me via daquela forma comecei a me questionar sobre o que queria da minha vida. Eu não me reconhecia. Foi quando eu me questionei se queria ficar com essa vida sedentária ou iria correr. Considero, então, dezembro de 2022, o período em que peguei firme com a corrida e deixei o álcool de lado”, revela Roberta, que também passa por acompanhamento de um nutricionista e faz academia para ajudar no fortalecimento. 

Depois que sua pressão arterial começou a cair, ela parou de tomar os medicamentos por completo. Em um curto espaço de tempo, a vida da fisioterapeuta passou por uma transformação radical. 

“O prazer que eu tinha em beber é o prazer que eu tenho de correr. Um prazer foi substituído pelo outro, com a diferença de que com a bebida eu amanhecia com ressaca e com a corrida amanheço disposta [risos]. Correr me gera uma sensação de liberdade. É o momento de eu liberar todas as energias ruins do dia. Só sentindo isso para saber. É algo único. É um prazer surreal”, define ela, que tem uma filha de 24 anos que também pratica a corrida de rua e chegou até conquistar pódio. Além da filha, Roberta tem apoio do irmão e da tia. 

Essa liberdade, segundo o professor de educação física Marcos André de Freitas Hidalgo, é um estímulo a mais para os atletas. Hidalgo possui uma empresa de assessoria esportiva que auxilia os alunos amantes de corrida de rua. 

“Correr, por si só, é libertador. É por isso que tantas pessoas encontram brechas em suas agendas para colocar os tênis esportivos e passar alguns minutos correndo. É um momento para deixar as preocupações e o estresse do cotidiano de lado e prestar atenção apenas no presente”, afirma. 

Os treinadores Marcos e Lincoln, da Hidalgo Assessoria Esportiva, recebendo premiações após uma corrida. Foto: Divulgação.

No entanto, segundo Hidalgo, praticar a corrida de rua, embora seja aparentemente simples, deve ser acompanhada, de preferência, por um profissional adequado. “É ele que vai orientar quanto a periodização dos treinos, que é feito de forma personalizada e levando em consideração a vida e o tempo disponível do aluno. Essa periodização dos treinos de corrida vai estar em uma planilha, bem como a designação para demais exercícios como educativos, de fortalecimento, aquecimentos e alongamentos”, pontua o educador físico. 

Quando envolver alguma atividade física mais intensa, é importante também fazer antes uma avaliação médica, explica Orsi, para avaliar a capacidade física e possíveis doenças pré-existentes.“Normalmente, em pessoas mais jovens, apenas um eletrocardiograma associado ao exame clínico e de laboratório serão suficientes para iniciar a atividade proposta. Contudo, em pessoas acima dos 35 anos ou com doenças crônicas, como hipertensão arterial ou diabetes, será necessário um teste ergométrico, exame que avalia a circulação coronária entre outras coisas”, finaliza o especialista. 


                       
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