Projeto de recuperação de dependentes se encerra em Mirandópolis por desafios financeiros e estruturais
Foto: AGORA NA REGIÃO
A Casa do Oleiro, uma casa de recuperação de dependentes de drogas e álcool em Mirandópolis, encerrou suas atividades devido a desafios financeiros e estruturais que se acumularam ao longo dos anos. Fundada em outubro de 2018, a instituição enfrentou dificuldades, que foram agravadas pela pandemia da Covid-19, e que impactou severamente sua situação financeira.
Em uma entrevista exclusiva ao jornal AGORA NA REGIÃO, o pastor Wilson Tadeu, líder da Primeira Igreja Batista de Mirandópolis (PIB) e presidente da Casa do Oleiro, revelou alguns motivos que levaram ao fechamento da instituição.
Para receber recursos do Terceiro Setor da Prefeitura, a instituição precisava cumprir rigorosas exigências legais da Vigilância Sanitária. Algumas medidas foram tomadas, como a elaboração de croquis, plantas e protocolos de intenções, na tentativa de atender a essas demandas.
Inicialmente, a Casa do Oleiro alugou uma chácara para acomodar os residentes, mas devido a diversas circunstâncias, a chácara teve que ser devolvida após apenas seis meses de uso.
Segundo Wilson, isso resultou em uma dívida considerável, abrangendo aluguel, energia e outras despesas. A situação financeira chegou a ser regularizada quando a instituição se mudou para uma casa localizada na Rua Domingos Terensi, nº 27, no Centro, ao lado da Primeira Igreja Batista.
Com a aproximação das eleições estatutárias em outubro deste ano, Wilson se concentrou em regularizar a situação do novo local. Segundo ele, diversas reformas foram realizadas para atender às exigências legais e oferecer um ambiente adequado para os residentes em recuperação.
No entanto, um dos maiores obstáculos enfrentados pela instituição foi a necessidade de cumprir os protocolos da Vigilância Sanitária. “Recebemos orientações da Vigilância Sanitária Estadual, mas o ônus financeiro era insustentável. O projeto teve que ser vetado devido à incompatibilidade da estrutura do prédio com as exigências. E, dada a nossa dificuldade financeira, tivemos que optar entre manter a casa ou realizar as reformas necessárias”, disse.
Com a falta de tempo e recursos para encontrar um novo local que atendesse às demandas legais, a segurança dos 26 homens que residiam na instituição naquele momento tornou-se uma preocupação crítica.
Segundo Wilson, muitos deles decidiram partir devido à incerteza da situação. Foi então que a liderança da entidade, juntamente com demais conselheiros, tomou a decisão de encerrar o projeto. A entidade tinha um custo mensal de cerca de R$ 25 mil entre pagamento de profissionais, alimentação, moradia, energia, água e oficinas que contribuíam para o tratamento.
DIFICULDADE FINANCEIRA
Em março deste ano, em entrevista ao jornal AGORA NA REGIÃO, o diretor da Casa do Oleiro, Fábio Kikuchi de Martini, já havia alertado sobre as dificuldades financeiras enfrentadas.
“A questão financeira ainda é um grande desafio. Precisamos lidar com despesas como alimentação dos residentes, aluguel do prédio, água, energia e manutenção geral. Atualmente, estamos necessitando urgentemente de freezer e geladeira, além de melhorar a qualidade das refeições”, disse à época.
O projeto da Casa do Oleiro oferecia apoio a cerca de 30 residentes, contando com uma equipe que os acompanhava 24 horas por dia. Além disso, uma enfermeira, uma psicóloga e uma assistente social desempenhavam papéis fundamentais no tratamento dos residentes.
TERCEIRO SETOR
O Terceiro Setor é um termo que abrange uma ampla gama de organizações sem fins lucrativos que prestam serviços de interesse público e desenvolvimento social. Essas instituições trabalham para solucionar ou minimizar problemas sociais, tais como direitos humanos, meio ambiente, assistência a crianças, idosos, entre outros.
Em Mirandópolis, algumas entidades que fazem parte desse setor são APAE, AMAI e Ser Criança, que desempenham um papel fundamental na promoção do bem-estar da comunidade. Para receber recursos da Prefeitura, as entidades devem enviar e seguir diversos protocolos e documentações obrigatórios por lei.