Presidente da AMAI diz que Prefeitura fecha os olhos para entidade e cobra repasse: ‘não temos dinheiro sobrando’

Presidente da AMAI diz que Prefeitura fecha os olhos para entidade e cobra repasse: ‘não temos dinheiro sobrando’

Foto: Arquivo AGORA

Quando Patrick Lipe assumiu a presidência da AMAI (Associação Mirandopolense de Assistência aos Idosos), em outubro de 2023, ele já previa enfrentar um grande desafio. Contudo, talvez não antecipasse as dificuldades no relacionamento com a Administração Municipal. Em uma entrevista ao jornal AGORA NA REGIÃO, Patrick expressou suas preocupações sobre a gestão de Mirão em relação ao asilo da cidade, devido aos frequentes atrasos financeiros do Município. Confira os trechos da entrevista.

CENÁRIO ATUAL 

“Hoje nós temos 22 idosos e com capacidade de atender 35.  Temos uma equipe com coordenadora, assistente social, psicóloga, nutricionista, enfermeira padrão, enfermeiras e cuidadoras. Somos ao todo em 17 funcionários”.  

SAÚDE FINANCEIRA

“O asilo encontrava-se em processo de regularização, mas devido a débitos antigos de gestões passadas, a situação torna-se um tanto complicada. Somos fortemente cobrados para resolver toda a situação, e devido a essas pendências ao longo dos anos, houve muitos parcelamentos desses débitos, resultando em um aumento considerável. Atualmente, o déficit, englobando aspectos fiscais e trabalhistas, está em torno de R$ 100 mil mensais. Portanto, uma de nossas metas é regularizar essas questões financeiras”. 

AMAI atende atualmente 22 idosos e conta com 17 funcionários. Foto: Facebook

REPASSES EM ATRASO

“Atualmente, a Prefeitura repassa aproximadamente R$ 22 mil mensais. No entanto, o grande problema são os constantes atrasos. Falo abertamente que a gestão fecha os olhos para o asilo. Os repasses são feitos com muito atraso, beirando os 30 dias. Os funcionários nunca tinham visto um atraso tão grande quanto esse. Não temos dinheiro sobrando, precisamos do repasse. Uma das nossas metas é aumentar o número de promoções. Por isso, em fevereiro, temos o arroz carreteiro, seguido por um leilão em março. Tradicionalmente, o leilão ocorria em dezembro, mas assim que assumi, percebi que a AMAI era prejudicada por ser o último leilão do ano. Muitas pessoas não faziam doações. Não se trata de uma questão egoísta, mas precisamos posicionar o leilão no início do ano, pois no final do ano muitas pessoas não contribuem. As próprias pessoas que nos ajudam com o leilão sugeriram mudar a data. O Governo Federal faz um repasse de R$ 1.420, e o Estadual, R$ 4.959. É muito pouco. O Município, que tem o valor maior, acaba atrasando significativamente. Prefeitos anteriores realizavam os repasses pontualmente. Alegam estar fazendo contenção de gastos, mas não podemos ser prejudicados por isso. Em janeiro, o pagamento foi feito no dia 25, quando deveria ter sido realizado no dia 10. Houve meses em que tivemos que cobrar. A situação é muito desagradável. Se não cobramos, os atrasos aumentam ainda mais. Quando cobramos, a resposta é que a cidade inteira está passando por isso. Contudo, não pode ser dessa maneira. Se aprovam o plano de trabalho, precisam cumprir. Aceitam o valor, mas atrasam? Há várias questões em que a Administração deixou a desejar”. 

SERVIÇOS EM ATRASO

“Estamos enfrentando um grande problema também em relação à zeladoria. Nos cobram demasiadamente com documentações, mas não cumprem a parte deles mesmo quando solicitamos algum serviço aqui dentro. Por exemplo, tive que enviar quatro ofícios para pedir uma roçagem, desde outubro pedindo, e só agora no fim de janeiro é que eles roçaram. Isso porque eu disse que iria postar os vídeos nas redes sociais, que iria denunciar. Daí vieram. Todas essas questões colocam a vida dos idosos em risco e também dos funcionários. Cansei de filmar animais peçonhentos como cobras, escorpiões… Enviei para a Administração e nada do serviço ser feito. Na primeira reunião que fiz com o prefeito, chegaram a falar que não era para procurar ajuda com vereador. Disseram que teria que ir pessoalmente. E eu estava indo pessoalmente porque é o meu perfil de trabalhar, não gosto de fazer barulho. Mas hoje temos que ficar cobrando incansavelmente. E o departamento de Saúde do Município deixa muito a desejar com o asilo. Estamos tendo problemas até com gazes, com dificuldade para receber, além das fraldas. Todos esses materiais utilizamos para a saúde do idoso. Para amenizar tudo isso, usamos recursos próprios e doações. Mas não são todos que têm condições de doar”.  

SAÍDA DE FUNCIONÁRIO

“Estamos com falta de funcionários, e a prefeitura retirou uma funcionária nossa de serviços gerais. Disse que é temporário, mas ninguém justificou. Nem mesmo quem trabalha no RH tinha ciência. Percebo que a gestão está bagunçada, mas acaba afetando a gente aqui também. No plano de trabalho, pedimos para aumentar o número de funcionários, e agora a prefeitura retira”.

DOAÇÕES NECESSÁRIAS

“Usamos bastante de fraldas geriátricas nos tamanhos G e GG. Atualmente, a prefeitura repassa para nós 816 fraldas mensais, mas utilizamos cerca de 3 mil fraldas. A diferença é muito grande; é como enxugar gelo”. 


                       
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