Conheça a história do mirandopolense Robson Arnaut, de morador de rua em São Paulo a “fotógrafo da Avenida Paulista”

Conheça a história do mirandopolense Robson Arnaut, de morador de rua em São Paulo a “fotógrafo da Avenida Paulista”

Foto: Arquivo Pessoal

A vida do mirandopolense Robson Aparecido Arnaut de Souza, de 34 anos, sem dúvida daria um filme. Ele cresceu em Mirandópolis em meio ao conflito de uma separação dos pais. Foi tentar a vida em São Paulo e acabou morando três meses na rua. Apaixonado por fotografia, a salvação foi uma câmera Polaroid, pois com o equipamento passou a ganhar dinheiro fazendo fotos das pessoas nas ruas. Hoje, conhecido como o “fotógrafo da Avenida Paulista”, Robson construiu uma linda família e se estabeleceu profissionalmente, confira na sequência toda a história.

CRESCEU EM MIRANDÓPOLIS

“Nasci em Mirandópolis, com a minha mãe (Celia Maria dos Santos) sendo meu exemplo de mãe e pai. Eu tive um pai ausente, comecei a trabalhar com 15 anos como servente de pedreiro, só que nesse mesmo período comecei a ter problema de saúde, um quadro depressivo depois que meus pais se separaram.”

AJUDA DE UM AMIGO

“A minha vida mudou quando conheci o Wilson Gaudencio, fui fazer uma obra na casa dele e logo ele notou que eu estava precisando de ajuda. Ele pagou médico particular e com isso descobrimos que a minha depressão era por distúrbio hormonal. Posso dizer tudo que hoje consigo desenvolver no trabalho e na vida pessoal devo a ele, a minha eterna gratidão a essa pessoa maravilhosa que Deus colocou em minha vida.”

Kelly e Robson com a filha no início da trajetória em São Paulo. Foto: Arquivo Pessoal

SÃO PAULO E MIRANDÓPOLIS

“Eu sempre fui ligado no 220 e não queria ficar em Mirandópolis porque sabia que não teria oportunidade de crescer profissionalmente. Cheguei em São Paulo e comecei a trabalhar em um mercado. Conheci a minha esposa (Kelly Arnaut), ela engravidou e meus sogros não aceitaram nosso namoro, tiveram preconceito. Com ela grávida voltamos para Mirandópolis e ficamos dois anos, porém a minha filha ficou doente, com leucemia, e o melhor tratamento que conseguimos foi aqui em São Paulo, com isso voltamos para a capital. Ficamos um período morando em uma casa, mas não consegui trabalho e com isso acabamos indo morar na rua. Naquela época passamos a vender Trident (chiclete) no semáforo para conseguir um dinheiro para conseguir dormir pelo menos algumas noites em um hotel. Foi dando certo, pois eu tinha uma boa abordagem e passei a juntar um dinheiro para sair definitivamente das ruas. Lembro que naquela época eu já tinha metas, e uma delas era conseguir faturar R$ 400 por dia, sendo que gastava R$ 100 no hotel e guardava R$ 300. A comida eu pedia em restaurantes, não tinha vergonha. E lembro também que a minha mãe mandava pela Nice, que tem a loja e vinha de ônibus para São Paulo, uma cesta básica que ela ganhava do serviço para me ajudar.”

VIRADA DE CHAVE

“Depois de três meses na rua tive uma virada de chave. Estávamos vendendo chiclete no farol quando uma mulher que estava passando entre os carros deixou cair o óculos no chão. Quando ela agachou para pegar ficou uma cena tão bonita, nos meios dos carros, que me deu um estalo de vender fotos. Eu tinha uma máquina Polaroid, pois sempre fui apaixonado por fotos e nunca me desfiz do equipamento, e pensei em fazer fotos das pessoas nas ruas. No primeiro dia vendendo fotos consegui fazer R$ 500, pois sempre conseguia convencer as pessoas a comprar e com isso ia criando uma conexão para fazer uma entrega legal. Acredito que o Wilson me ajudou muito nessa parte de comunicação, é uma pessoa que em vários momentos vem em minha lembrança.”

Robson e Kelly passando férias em Mirandópolis em dezembro de 2023. Foto: Arquivo Pessoal

MUDANÇA DE VIDA

“Nesse dia já tirei definitivamente tirei a minha família da rua porque alugamos uma casa em Carapicuíba. Continuei trabalhando com as fotos e depois de juntar uma grana comprei uma câmera ainda mais moderna. Nesse meio tempo já tinha como objetivo fazer fotos em um local mais movimentado, com isso veio em mente a Avenida Paulista, pois sem dúvida é um dos principais pontos de São Paulo na questão de turismo e oportunidades. Cheguei na Paulista e continuei fazendo as minhas abordagens e com isso comecei a postar no Instagram como fotógrafo da Avenida Paulista. Comecei a ganhar ainda mais dinheiro, pois o fluxo de gente é maior e passei a investir em tráfego pago, que é investir dinheiro nas plataformas de anúncios na internet para que a página seja mostrada com mais frequência às pessoas, com isso atraindo um número maior de visitantes, para ficar mais conhecido. Não tenho porque esconder, hoje a minha meta pessoal é de fazer R$ 1000 por dia com as fotos aqui na Avenida Paulista. E graças a Deus tenho conquistado dia a dia essa meta.”

VIDA ATUAL

“Hoje a minha rotina é trabalhar diariamente na Avenida Paulista com as fotos, formei uma linda família, e isso devo a minha esposa que é uma guerreira, pois sempre acreditou em mim, até quando moramos na rua ela sabia que Deus tinha um propósito muito maior em nossas vidas. Hoje me dou bem com meus sogros, superamos os problemas. Aproveito a oportunidade da reportagem para novamente agradecer muito o Wilson, que foi peça fundamental na minha vida, assim como Deus.”

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