A alegria do mundo
Foto: Biblioteca Católica
O Angelus é a oração que comumente se reza às 6h, às 12h e às 18h, e durante o tempo pascal é substituída por outra, menos conhecida, a Regina Caeli, ou Rainha do Céu, cuja belíssima versão cantada, em latim, talvez seja mais conhecida que a rezada, mesmo em português. Dia desses, rezando a Rainha do Céu, tocou-me um trecho de sua oração conclusiva, dirigida ao Pai: “Ó Deus, que vos dignastes alegrar o mundo pela ressurreição do vosso Filho”.
São lindas e verdadeiras essas palavras… Como se não bastasse a beleza da criação, o convívio com boas pessoas, os projetos, oportunidades, situações e experiências que a vida nos oferece, o Pai, tendo permitido a morte de seu Filho, nos deu a alegria de sua ressurreição! Nós não estamos órfãos; temos a quem recorrer! Podemos confiar em Deus: tudo que Ele prometeu, se cumpriu ou há de se cumprir.
Fico pensando na alegria dos apóstolos e discípulos que testemunharam a ressurreição! Diante de algo assim estupendo, totalmente novo, fonte de todo o sentido para a vida e para o apostolado, não é de se estranhar que os primeiros cristãos vendiam seus bens e punham tudo em comum (conforme o Livro dos Atos dos Apóstolos, cap. 2, vv. 42-47)… Para quem teve acesso à realidade mais profunda sobre o próprio Filho de Deus, todo o resto fica em segundo plano.
E o risco que correm os cristãos das gerações seguintes é de não viver em conformidade com essa realidade e conformar-se com o mundo e suas novidades. Vivemos na época das inovações sem fim, de um oceano de possibilidades, e em contrapartida nos damos conta da incapacidade humana de absorvê-las, de experimentar tantas coisas, de consumir tudo que se pode acessar… Os desejos parecem não ter fim, mas nossa capacidade é limitada… O saldo? Dentre eles, desânimo, tristeza, depressão, desorientação…
Não é o acesso à infinidade de coisas finitas que nos saciará, mas sim a comunhão com o Deus infinito e único. Só Ele mata a sede que brota do coração humano! Aproveitemos esse tempo para refletir sobre isso, com calma. Cristo está vivo e é a fonte da alegria que o mundo tanto deseja.