Mantendo a guarda

O Cerco de Jericó terminou na sexta-feira (3): foram oito dias de muita oração e Missas diárias. São muitos os relatos de pessoas que alcançaram graças durante períodos de oração intensa como esse, movidas por fé e caridade ou por alguma necessidade, tantas vezes regados a muito sacrifício para ver seus pedidos atendidos – tudo muito virtuoso e agradável a Deus, que, como diz o cap. 3 do Livro do Êxodo, vê a aflição de seu povo e conhece seus sofrimentos.

Essas iniciativas paroquiais de intensificação da vida de oração são muito salutares e devem servir de complemento aos chamados tempos fortes da liturgia da Igreja – Quaresma e Advento –, durante os quais todo o orbe católico é convocado aos exercícios espirituais. Mas é espantoso como a maioria dos fiéis não dá a mínima atenção para isso, vivendo uma vida de abandono aos vícios capitais e à indiferença para com Deus; mesmo entre os que freqüentam a Missa, não é fácil encontrar alguém com espírito de mortificação e senso de urgência diante do caos reinante no mundo.

Pessoas assim, imbuídas de amor ao próximo e senso de realidade mais afinado, em suas orações e penitências, devem também suplicar para que Deus suscite mais pessoas como elas, pois quanto maior o clamor, maior a chance da vitória – como no tempo de Moisés, quando os “israelitas, que gemiam ainda sob o peso da servidão, clamaram, e, do fundo de sua escravidão, subiu o seu clamor até Deus. Deus ouviu seus gemidos e lembrou-se de sua aliança com Abraão, Isaac e Jacó” (Livro do Êxodo, cap. 2, vv. 23-24).

Iniciando o mês devotado ao Sagrado Coração de Jesus, do qual jorram rios de misericórdia, não vamos esperar um novo Cerco de Jericó ou algo parecido, mas assumamos a responsabilidade de nos mantermos em vigilância, penitência e oração, pois Deus conta com o nosso esforço. Como diz o Salmo 18, v. 6, “Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei para meu Deus: do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu clamor em sua presença chegou aos seus ouvidos”.