Pai nosso que estais nos céus
A oração do Senhor, mais conhecida como Pai-Nosso, tem proeminência sobre as outras justamente porque foi ensinada por Jesus, conforme os Evangelhos de São Mateus, cap. 6, e de São Lucas, cap. 11. São Lucas inicia com o trecho “Pai, santificado seja o vosso nome”, enquanto São Mateus com “Pai nosso, que estais nos céus”, o qual já traz em si, de alguma forma, algo sobre a natureza divina. A menção de que o Pai está nos céus evoca também a noção de distinção entre o Ser divino (perfeito, imutável e infinito) e as criaturas, imperfeitas e mutáveis, algumas delas eternas e outras não (eterno é algo que tem começo mas não tem fim, como a alma humana, e infinito é algo sem começo nem fim, qualidade restrita somente a Deus).
Essa distância entre Deus e o homem não implica na indiferença d’Ele para conosco. Aristóteles (384-322 a.C.), por exemplo, somente com o uso da razão, conseguiu chegar à concepção de Deus como o princípio de todas as coisas, a causa primeira de tudo, mas inalcançável e impossível de ser conhecido; apesar dos enormes méritos do filósofo, que não conhecia a revelação divina, sua noção é imprecisa; é Jesus quem traz o ensinamento perfeito – “Pai nosso que estais nos céus”, ou seja, Ele está nos céus, é de fato o princípio não principiado por qualquer coisa anterior ou superior, o criador de tudo, e também nosso Pai, que se importa conosco e ouve as nossas preces.
No Evangelho de São João, Jesus ensina ainda: “Eu e o Pai somos um” (cap. 10, v. 30) e “Saí do Pai e vim ao mundo” (cap. 16, v. 28), revelando, além da comunhão perfeita entre ambos, o amor do Pai pela humanidade, manifestado no envio de seu Filho para a nossa redenção. E no cap. 14, v. 2, Ele diz: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar”, ensinando que é desejo do Pai permanecer conosco por toda a eternidade.
Assim, caros irmãos, obedeçamos ao ensinamento do Senhor e rezemos confiantes ao Pai celestial, que em sua bondade e seu amor infinitos, escuta as nossas orações!
