Seja feita a vossa vontade

Seja feita a vossa vontade

Na liturgia do domingo passado, no Evangelho de São Mateus (cap. 13), ouvimos três parábolas em que Jesus fala sobre o Reino de Deus. Nas duas primeiras, Ele o compara a um tesouro escondido no campo e a uma pérola, que quando descobertos, impelem quem os descobre a vender todos os seus bens e comprá-los. Ora, o tesouro e a pérola são o Reino, mas a atitude de quem os descobre revela o desejo e a busca da alma humana por Deus, sem os quais não é possível ter acesso ao Reino.

Quem busca a Deus deseja a comunhão com Ele, a qual não se dá entre dois iguais: há uma hierarquia, sendo Ele o criador e nós as criaturas, de tal forma que um deve se sujeitar ao outro. Ora, não faz sentido uma criatura, por mais elevada que seja (como um ser humano repleto de talentos ou um anjo com todos os seus atributos), almejar ser igual ou superior a Deus. A mera observação da natureza, com sua beleza e grandeza, já é suficiente para nos colocar no nosso lugar e assim, em espírito de gratidão e cientes de nossa pequenez, nos submetermos a Deus.

É claro que muitas outras coisas estão envolvidas, desde reações físico-químicas até elementos culturais e espirituais, passando por todos os emaranhados da psique humana (tudo muito complexo), mas mesmo assim nos questionamos: por que tamanha dificuldade de alguns em buscar a Deus, e com tanta presunção, sendo que nem sequer sabem explicar de onde vieram e como vieram parar neste mundo?… Sim, o bom senso e o senso de proporção já não reinam por aqui há muito tempo…

Queridos irmãos, Deus deseja de nós a submissão da nossa vontade: não ao Estado, a um déspota, a um governante, nem a pessoa alguma, mas a Ele. Pai, “seja feita a vossa vontade”, ensina Jesus no Pai-Nosso. E neste exato momento em que escrevo, em alguma das árvores à minha frente, canta tão lindamente um pássaro que o forte sentimento que me acomete é um misto de maravilhamento e gratidão por algo sublime, que não criei e não mereço – como não entregar a vida a um Deus tão amoroso, que em sua soberana vontade, enche a humanidade das mais doces alegrias?!


                       
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