Assim na terra como no Céu

Assim na terra como no Céu

O mundo criado não é um espelho do Céu. Embora, como ensina Santo Agostinho, as criaturas todas sejam vestígios do próprio Deus (por isso sua formosura, diversidade e beleza) e o ser humano seja imagem d’Ele, após o pecado original vivemos num “vale de lágrimas” (como rezamos na Salve-Rainha). Já no Céu, há a alegria sem fim daqueles que têm a visão beatífica, contemplando o esplendor, a beleza e a bondade de Deus.

Como tratamos dias atrás, o Reino de Deus já foi inaugurado aqui na terra, mas só será totalmente consumado na segunda e definitiva vinda de Jesus. Assim, seu avanço depende primeiramente do próprio Deus, sem o qual nenhuma virtude ou bondade são possíveis, e também de nós. E ainda que nossa natureza humana decaída tenha nos legado um “espinho na carne” (como expressa São Paulo em sua Segunda Carta aos Coríntios, cap. 12, v. 7), é possível, com a ajuda do alto, realizar a vontade do Pai.

A Igreja jamais ensinou o ensimesmamento ou o individualismo; ao contrário, o magistério católico sempre afirmou peremptoriamente que uma sociedade sadia e estável só pode ser erigida sobre os pilares da fé e da caridade, e a própria história mostra que as grandes civilizações sempre se alicerçaram numa religião, sem a qual o tecido social se esgarça, justamente por ser ela um imprescindível elemento aglutinador e direcionador de um povo.

Como está escrito no Livro dos Atos dos Apóstolos, os primeiros cristãos já buscavam viver uma sociedade perfeita, ainda que restrita aos convertidos: “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum” (cap. 2, v. 44). Eles sabiam de onde vinham Jesus e seu ensinamento: “Em verdade, não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele mesmo me prescreveu o que devo dizer e o que devo ensinar” (Evangelho de São João, cap. 12, v. 49).

Justamente pela disparidade entre este mundo e o Céu, é nossa tarefa lutar pela conversão da humanidade. Como ensina São Clemente de Alexandria, “Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, do mesmo modo a sua intenção é a salvação dos homens e chama-se Igreja”. Clamemos ao Senhor para que tudo aqui na terra se realize à semelhança das realidades celestes!